Yemanjá
Mãe cujo os filhos são peixes
Filha de Olokum, soberano dos mares, Iemanjá tomou – ainda quando criança – uma poção
que a ajudaria a fugir de todos os perigos. Quando cresceu, a divindade se casou com Oduduá, com quem teve dez filhos Orixás.
Diz a lenda que seus seios se tornaram maiores e mais fartos devido a amamentação de todos os seus filhos, característica que gerou à ela grande vergonha. Cansada de seu casamento, Iemanjá decidiu deixar seu esposo e seguir em busca de sua própria felicidade.
Após algum tempo, ela se apaixonou pelo rei Okerê, com quem viveu uma história nada feliz. Contos revelam que, em um certo dia, após beber demais, Okerê se referiu aos seios de Iemanjá de maneira grosseira, o que fez com que ela fugisse decepcionada.
Para escapar da perseguição de Okerê, Iemanjá fez uso da poção dada por seu pai. Assim a Rainha do Mar se transformou em um rio que encontra o mar.
Para recuperar sua esposa, Okerê decidiu interferir no curso do rio, ao se transformar em uma montanha. Mas com a ajuda de seu filho Xangô (que abriu passagem no meio dos vales criados por Okerê), Iemanjá conseguiu seguir seu caminho, tornando-se então a Rainha do Mar.
O Trono da Geração – Iemanjá e Omulu
Nós seres humanos nomeamos e divinizamos essas forças como orixás, ou forças da natureza desde tempos remotos.
Na umbanda o trono da geração é regido por duas energias, uma masculina e outra feminina, uma positiva e outra negativa, o perfeito equilíbrio é entoado por duas forças distintas, porém equivalentes.
No campo magnético positivo, feminino e irradiante, está assentada a Orixá Iemanjá, cuja qualidade é irradiar a geração o tempo todo de forma passiva não forçando ninguém a gerar ou criar, mas sustentando a todos que buscam “dar vida” e criar seu fator gerador ou “criacionista” traça uma das de suas qualidades mais marcantes e conhecidas, a de mãe.
"Tudo que existe foi gerado através da água, tudo que virá a existir será gerado pela energia de Iemanjá. Até a gravidez em seu estágio de desenvolvimento é guardado e amparado pelo liquido amniótico da grande mãe."
No campo magnético negativo, masculino e absorvente está assentado o Orixá Omulu, cuja a qualidade paralisar é absorver qualquer pessoa que utilize as qualidades do trono da geração de forma desequilibrada, Também paralisa qualquer entidade viva que atente contra a vida, Omulu é um orixá cósmico, pune quem faz mau uso ou se aproveita das energias divinas, seu fator é paralisador, ajuda a cessar ações negativas.
Iemanjá tem papel muito importante em nossas vidas, pois é ela que rege nossos lares, nossas casas. É ela que dá o sentido da família às pessoas que vivem debaixo de um mesmo teto. Ela é a geradora do sentimento de amor ao seu ente querido, que vai dar sentido e personalidade ao grupo formado por pai, mãe e filhos tornando-os coesos. Rege as uniões, os aniversários, as festas de casamento, todas as comemorações familiares. É o sentido da união por laços consanguíneos ou não.
Omulu, na linha da Geração, que é a sétima linha de Umbanda, forma um par energético, magnético e vibratório com nossa amada mãe Iemanjá, onde ela gera a vida e ele paralisa os seres que atentam contra os princípios que dão sustentação às manifestações da vida.
Enquanto a nossa mãe Iemanjá estimula em nós a geração, pai Omulu nos paralisa sempre que desvirtuamos os atos geradores.
Ervas com a energia de Iemanjá
Ervas quente de Iemanjá: Erva de bicho, alho – Verbos: transbordar, derramar.
Ervas mornas de Iemanjá: Alfazema, Anis estrelado, Rosa Branca, Camomila, Manjericão – Verbos: Gerar, Fluir, Sustentar
Filhas de Yemanjá
Características das filhas de Iemanjá :
Típicas matronas, robustas, vigorosas, impulsivas, autoritárias, impositivas, e até possessivas, pois sempre prevalece suas naturezas maternais.
No positivo, são alegres, leais, fiéis, generosas, trabalhadoras, muito diligentes em tudo o que fazem e muito ativas.
No negativo, são respondonas, irritantes, intolerantes, briguentas e despeitosas.
Geralmente, apreciam a vida doméstica, o trabalho produtivo, o respeito, a fidelidade, a religiosidade firme, o estudo, vestes sóbrias e elegantes, a companhia de homens firmes na decisão e de natureza forte.
Compatibilizam-se facilmente com todas as filhas e filhos dos outros Orixás, desde que não as contrariem e não as atrapalhem.
Salve às Senhoras das Águas ???
Em algumas tradições e vertentes religiosas o 8 de Dezembro é o dia escolhido para se saudar a Mamãe Oxum. A data está sincretizada com o dia de Nossa Senhora da Conceição ou Imaculada Conceição
Isso ocorre não só com essa representação, mas com a de outras santas católicas como a Virgem Maria e Nossa Senhora da Aparecida, ambas, símbolos da concepção de Jesus Cristo.
Dada a associação das santas com o nascimento do filho de Deus, faz-se a ligação com Oxum que nas 7 Linhas de Umbanda simboliza o Trono do Amor Divino e por sua vez rege o fator agregador.
Dentro do magnetismo de Oxum, compreende-se também a irradiação da característica conceptiva e agregadora de tudo o que existe no universo.
Essa irradiação é uma “partezinha” de Deus que se expande em ondas coronais, ou seja, em forma de corações que estão ligados pelas pontas inferiores. Essas ondas irão emanar elementos, essências e sentimentos e depois reagrupar tudo isso de acordo com a afinidade que cada um carrega.
Portanto, o amor que une as pessoas, os seres e as relações do universo são unidos e encaminhados pelos fluxos de raios que vem de mamãe Oxum.
“Oxum, é o amor que une os seres e a concepção que gera vidas”
Pai Rubens Saraceni
Esse amor e sua capacidade agregadora, viabilizam a concepção dos seres e são o mistério de Oxum que explicam o sincretismo que acontece entre a Orixá e aquelas que são consideradas as mães de Cristo.
Entretanto, na Umbanda nós também temos outra figura que simboliza a grande mãe e que rege a Linha da Geração emanando de si o fator gerador. Alguém se habilita a dizer de quem estamos nos referindo?
Odociabá, Minha Mãe! Isso mesmo, Iemanjá também faz sincretismo com as “mães de Jesus” e hoje algumas casas relacionam ela à Nossa Senhora da Conceição.
A característica irradiada de Olorum que promove o amparo a vida, a gestação, a maternidade dos seres dentre outros aspectos é regido por Iemanjá e dentro desse arquétipo materno – como citamos- cabe, não só a Orixá dona das águas salgadas, mas sim, todas as divindades que trazem consigo esse aspecto.
E falando em águas, temos alguns contos populares que relacionam Oxum (dona das águas doces) e Iemanjá (das águas salgadas) com esse dia. Diz-se que Iemanjá e Oxum resolveram um dia se unir, atendendo as preces de seus filhos, e nesse momento emanaram de si bondade, amor, aroma e encanto, a fim de abençoa-los. Nesse dia todos foram curados e revigorados em plenitude, porque o amor tudo recobra.
Essas lendas também explicam que o encontro das duas ocorre sempre que o rio deságua nas imensidão do mar acalentando e irradiando ternura e felicidade aos seus.
Bom independente do dia, todos os dias são propícios para saudar nossas Mães!