Omulú
Nascer é morrer. Nascer pra esse mundo é morrer para o mundo espiritual, então quando você vem à luz, está fazendo uma passagem na força de Obaluaiê. O momento que você termina uma história no astral pra começar uma história neste plano, você está evocando o mistério e a força de Omulú.
Omulú na Mitologia
egundo narra o mito ‘Omulu ganha as pérolas de Iemanjá’ presente no livro Mitologia dos Orixás, de Reginaldo Prandi, o Orixá que é filho de Nanã Burucu, possui espalhado pelo corpo muitas feridas e chagas, essa aparência chocou sua mãe ao se deparar com o corpo do filho coberto pela doença, levando-a abandona-lo em uma gruta.
Após isso, Omulú é encontrado por Iemanjá, que seca suas feridas com a água salgada do mar e enche-o de cuidados.
"Omulu tornou-se um homem vigoroso, mas ainda carregava as cicatrizes, as marcas feias da varíola."
Mitologia dos Orixás, Reginaldo Prandi
Essa visão mitológica, retrata um pouco da origem cultural de Pai Omulú, os Mitos como já explicamos aqui no blog são uma ilustração de tudo o que se relaciona com os mistérios divinos e também uma forma de perpetuar o ensino de cada um deles. Por isso, além do seu valor como expressão cultural de determinado segmento social, os mitos também carregam ensinamentos que competem situações da vida real.
Entretanto, isolados eles não respondem a todas as indagações sobre a atuação dos Orixás, além do mais, para interpreta-los é preciso ter um aprofundamento maior nos modos de vida, costumes, realidade social dentre outros aspectos dos segmento ao qual ele se refere.
Então ficamos ainda com a pergunta: Quem é o Orixá Omulú?
Na Ciência Divina de Umbanda
Seu modo de conceber e se relacionar com Pai Omulú pode ser diferente do que o exposto, respeitamos todas as formas de se relacionar com os divinos Orixás, portanto o que deixamos aqui, é um dos modos de se perceber e se relacionar com essa divindade que está fincado nos estudos de Pai Rubens Saraceni.
Assentado na onda divina da criatividade e geração, ao qual entendemos como a sétima linha de Umbanda Sagrada, Omulú corresponde ao fator paralisador efaz par com Mãe Iemanjá nessa onda divina.
Omulú é a Terra, e Iemanjá a Água. Poderíamos pensar esses dois Orixás como opostos, mas se levarmos em consideração nosso ciclo vital, entendemos que na verdade, eles se complementam.
A morte, que dá lugar a uma nova forma de vida, que desliga uma realidade para que outra se inaugure, que nos coloca perante aos nossos medos e inseguranças é aquela que também faz parte de um ciclo da nossa vida e por sua vez, é o mistério regido por Pai Omulú.
Assim como se processam todas nossas ações aqui na terra, também se dá a regência desse Orixá. Uma fase precisa terminar para que uma nova faça surgir, uma etapa precisa ser concluída para que outra seja alcançada. Pai Omulú traz o assombro da morte para alguns (o que é natural), mas podemos dizer que ele também traz a incerteza do novo, do desconhecido e também, por essa razão, é tão temido.
Seu magnetismo está presente em todos os sentidos da vida, ou seja, para cada indivíduo que não esteja caminhando para uma vida harmoniosa consigo e com os demais, o Orixá vai agir paralisando seus sentidos e esgotando esses sentimentos e isso vai se proceder em todos os mistérios, fé, amor, lei e etc.
"Se Iemanjá gera a vida Omolú é responsável pelo fim, o término. Em muitos terreiros Omulú é cultuado junto com Obaluaê como se fosse o mesmo, não importa se você cultua separado ou junto, são dois mistérios muitos entrelaçados porque Obaluaê é a passagem, Omolu é a morte."
Por essa regência o cruzeiro das almas é onde seu magnetismo vibra com mais intensidade. “todo cemitério tem um cruzeiro, o lado direito do cruzeiro pertence a Obaluaê e o lado esquerdo pertence a Omulú, não que ele seja o Orixá da esquerda, mas energeticamente Obaluaê está na direita (universal/agregador) e Omolú na esquerda (retificador/paralisador)”.
Por isso – dentro do que propomos estudar nesse texto – diferente de Pai Obaluaiê que rege o mistério da transmutação, Omulú é o Senhor do Fim, Senhor da Morte e por debaixo de sua palha o que se revela é um esqueleto. Ele é o Guardião do Campo Santo, dos Espíritos Caídos e do Povo da Calunga.
Desta forma, entendemos também que Pai Omulú é o Orixá da morte em seu sentido mais profundo, que está difundido na ideia e no conceito de término, de fim e de paralisar os desvios, dando passagem para que o novo (Iemanjá) possa se cumprir.
Fique tranquilo irmão, se você trabalhar com Omulú, sua vida NÃO será submersa em mal agouros, nem em doenças e muito menos em desgraças. Pai Rodrigo Queiroz deixa isso claro em uma de suas transmissões ao vivo via face book cujo tema era o dia de finados, “a forma que você trabalha com Omulú é o que você terá dele, assim como acontece com os outros Orixás”.
Por isso em 2 de Novembro vamos saudar nossos Antepassados, as Santas Almas e a regência de Pai Omulú em nossas vidas!!!
Atotô Meu Pai! Salve o Povo da Calunga! Salve o Cruzeiro das Almas!! Salve nosso Pai Omulú, Senhor dos Términos!!
Ervas na força de Omulú
Zpínia, vassoura preta, folhas de laranja lima, carobinha do campo, folhas de milho, musgo, barba de velho, velame, sete sangrias, sabugueiro, manjerona, mamona, espinheira santa, assa peixe.
Características e arquétipos dos filhos(as) de Omulú
Os filhos de Omolú são pessoas extremamente pessimistas e teimosas que adoram exibir os seus sofrimentos, daqueles que procuram o caminho mais longo e difícil para atingir algum fim.
Deprimidos e depressivos, são capazes de desanimar o mais otimista dos seres.
Acham que nada pode dar certo, que nada está bom.
Às vezes, são doces, mas geralmente possuem manias de velho, como a rabugice.
Gostam da ordem, gostam que as coisas saiam da maneira que planejaram. Não são do tipo que levam desaforo para casa e se sentirem ofendidos respondem no ato. Pensam que só eles sofrem, que ninguém os compreende. Não possuem grandes ambições.
Podem apresentar doenças de pele, marcas no rosto, dores e outros problemas nas pernas. São pessoas sem muito brilho, sem muita beleza. São perversos e adoram irritar as pessoas.
São lentos, exigentes e reclamam de tudo.
São reprimidos, amargos e vingativos. É difícil relacionar-se com eles. Parece que os filhos de Omolú são pessoas que possuem muitos defeitos e poucas qualidades, mas eles têm várias, e uma qualidade pode compensar qualquer defeito: são extremamente prestáveis e trabalhadores. São amigos de verdade.
0 tipo psicológico dos filhos de Omulú é atarracado, fechado, desajeitado, rústico, desprovido de elegância ou de charme. Pode ser um doente marcado pela varíola ou por alguma doença de pele e à frequentemente hipocondríaco. Tem considerável força de resistência e é capaz de prolongados esforços. Geralmente é um pessimista, com tendências auto-destrutivas que o prejudicam na vida. Amargo, melancólico, torna-se solitário. Mas quando tem seus objetivos determinados, é combativo e obstinado em alcançar suas metas. Quando desiludido, reprime suas ambições, adotando uma vida de humildade, de pobreza voluntária, de mortificação. E lento, porém perseverante.
Firme como uma rocha. Falta-lhe espontaneidade e capacidade de adaptação, e por isso não aceita mudanças. É vingativo, cruel e impiedoso quando ofendido ou humilhado.
Essencialmente viril, por ser Orixá fundamentalmente masculino, falta-lhe um toque de sedução e sobra apenas um brutal solteirão.
Fenômeno semelhante parece ocorrer no caso de Nanã: quanto mais poderosa e mais acentuada é a feminilidade, mais perigosa ela se torna e, paradoxalmente, perde a sedução.