Em julho de 2015, Gutemberg Sales, proveniente de uma família tradicionalmente evangélica, teve seu primeiro encontro com a Umbanda em um terreiro na zona norte de São Paulo. Esse momento foi marcante, pois uma baiana chamada Maria dos Sete Caminhos revelou detalhes surpreendentes de sua vida, despertando nele uma série de dúvidas e desconfianças.

A revelação da baiana sobre a missão de Gutemberg deixou-o perplexo e, após questionar sobre essa missão, ela sugeriu que ele cuidasse de sua mente e curasse suas angústias antes de buscar respostas. Intrigado e movido por uma mistura de curiosidade e desconfiança, Gutemberg visitou outro terreiro na mesma região, onde, para sua surpresa, ouviu as mesmas palavras sobre sua missão através de outra baiana em uma gira de baianos.

Essa repetição dos eventos gerou ainda mais desconfiança em Gutemberg, levando-o a acreditar que tudo poderia ser uma investida do diabo. Apegado aos dogmas religiosos de sua família, ele decidiu orar a Deus em busca de orientação e verdade.

Nos dias seguintes, Gutemberg recebeu diversos convites para visitar outros terreiros de Umbanda, o que o levou a consultar diferentes guias espirituais. A resposta era sempre a mesma: ele tinha uma missão a cumprir. Em novembro de 2015, após um período de reflexão, Gutemberg decidiu oficialmente ingressar em um terreiro na zona norte de São Paulo.

Um momento crucial ocorreu quando, durante uma gira, Gutemberg incorporou pela primeira vez, experienciando um mal-estar que o impulsionou a aceitar sua jornada espiritual. Contudo, após um breve período como filho do terreiro, ele tomou a decisão de se afastar da religião por razões pessoais.

Nove meses depois, em agosto de 2016, Gutemberg teve um episódio inesperado ao incorporar o espírito do Preto Velho Pai Cipriano D'Angola em sua própria cozinha. O Preto Velho anunciou que todas as sextas-feiras Gutemberg deveria vestir branco, cobrir fogão e mesa com panos brancos, pois ele teria ensinamentos a transmitir.

Inicialmente resistente, Gutemberg cedeu à rotina e, ao longo do tempo, a cozinha tornou-se um espaço espiritual onde Pai Cipriano D'Angola fornecia orientações e consultas sem custos para aqueles que o procuravam. O número de frequentadores cresceu, e Gutemberg, inicialmente relutante, acabou sendo chamado de Pai por oito pessoas que se juntaram a ele naquele local.

Em uma sexta-feira especial, em 10 de outubro de 2017, Pai Cipriano D'Angola riscou com uma pemba amarela o ponto riscado no chão, marcando o início do Casa e Templo de Fé. O preto velho anunciou: HOJE EU INICIO ESTE TERREIRO, E ELE SE CHAMARÁ CASA E TEMPLO DE FÉ, POIS ELE SE INICIA EM UMA CASA, DAQUI A UM ANO SERÁ UM TEMPLO E ELE SÓ IRÃO PERMANECER OS FILHOS DE FÉ..

Assim, uma jornada espiritual, inicialmente permeada por dúvidas e desconfianças, transformou-se em um espaço sagrado, o Casa e Templo de Fé, graças à orientação do Preto Velho Pai Cipriano D'Angola. A missão que Gutemberg inicialmente não compreendia começou a se revelar, marcando o início de uma história de fé e dedicação.